Pamonha, pamonha, pamonha

“Pamonha, pamonha, pamonha. Pamonha de Piracicaba.”

Quando era criança, eu ouvia isso toda semana. Fosse em casa ou nas casas da minha avó, ou da minha tia. Eu e meus primos já sabíamos de cor e ficávamos só esperando para imitar o carro da pamonha, e, se tivéssemos sorte, comer as pamonhas também.

Independente do resultado, aquela expectativa já era uma pequena aventura.

Pensando bem, hoje, é engraçado imaginar que a gente ficasse feliz com alguma coisa que era sempre igual. Era como se assustar sempre com a cena de um filme de terror, mesmo já sabendo que o monstro vai aparecer naquela hora.

É o poder da expectativa, ou das expectativas, porque eram pequenas partes:

1. O fato do vendedor aparecer sempre naquele dia e horário.
2. Ele aparecer com o mesmo carro.
3. O som gravado da “pamonha, pamonha, pamonha…”
4. O cheiro da pamonha.

Isso, só o que eu lembro.

Atender à expectativa do público é essencial em qualquer negócio.

Li uma vez sobre uma marca de sabonete que, comprovadamente, era mais saudável para a pele, deixando-a macia e hidratada, mas que não conseguia cair no gosto do público.

A equipe de marketing entrou em ação e, depois de algumas pesquisas, descobriu o motivo do desgosto dos clientes: o sabonete quase não fazia espuma. Era uma expectativa: sabonete tem que fazer espuma, ponto.

Depois que esse detalhe foi corrigido sem perder as características do sabonete, o produto passou a fazer um grande sucesso, pois atendeu à expectativa básica de fazer espuma e ainda trouxe benefícios que outros sabonetes dos concorrentes não tinham. Superou as expectativas do cliente.

Superar a expectativa do público é o melhor dos mundos, claro, mas é aconselhável não começar a correr antes de aprender a gatinhar.

“Algumas empresas começaram totalmente inovadoras e deram certo”, você pode dizer. Concordo, mas se você esperar ter uma super ideia diferente de tudo, não vai começar nunca.

Faça o feijão com arroz bem feito e vá acrescentando os complementos: a carne, os legumes, a salada. A velocidade você vai saber, ou melhor, descobrir no caminho.