Agulha no dedo

Agulha no dedo

Estou espetando a ponta do meu dedo indicador com uma agulha e não sinto absolutamente nada. O motivo? Ontem inventei de cortar uma carne. O problema era que eu tinha acabado de tirar a carne do forno e esqueci esse detalhe, foi quando queimei o dedo na forma.

Tem dia que a gente está assim, amortecido, sem sentir nada, sem vontade de nada.

Nessa hora eu queria ver aquele pessoal que vive dizendo “o segredo é a motivação” fazer alguma coisa. Porque, se eu for depender de motivação para tudo, com certeza metade das coisas que eu tenho para fazer eu não termino, porque a motivação oscila e, em alguns momentos, some.

Em vez de motivação, eu aposto no movimento.

A ação tem o poder de transformar o nada, que a motivação abandonou, em vida.

E não estou falando em construir um prédio não, estou falando em levantar da cama e lavar o rosto, em fazer o café e tomar um gole para acordar.

Igual ao dedo queimado, que vai voltar ao normal usando pomada, gelo ou sei lá mais o que, a gente também vai se tratando com um trabalho pequeno: escrever um texto curto para o Instagram, postar um vídeo de 30 segundos ou outra coisa que faça a gente se mexer.

É como aqueles quebra-cabeças de 1000 peças ou mais. Quando finalmente está montado, dá para fazer um quadro lindo, mas até chegar nesse ponto, a gente tem que achar as pecinhas e ir encaixando.

No começo, parece que dali não vai sair nada, ou que uma peça a mais, uma a menos, não faz diferença, mas conforme a gente consegue montar uma quantidade razoável de peças, o desenho vai aparecendo, e isso motiva para encaixar mais e mais peças, só para ver o que vai dar no final.

Sabe aquela brincadeira de empurrar o pneu ladeira abaixo? A gente é assim, só precisa de um empurrãozinho e a gravidade faz o resto.

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